The Play, Pelin Esmer 2005

Filme documentário sobre camponesas turcas e a arte do teatro

Comecei minha experiência de filmes selecionados na plataforma Mubi com o filme e documentário The Play (2005) da diretora Pelin Esmer.

Sinopse:

Quando nove camponesas de uma aldeia montanhosa no sul da Turquia decidem escrever e representar uma peça de teatro sobre suas histórias de vida, surgem aspectos de suas personalidades que elas nunca sequer tinham reparado. De repente, os maridos passam a ter mais respeito por elas.

Seguem minha impressões:

- Choque de realidade, difícil de acreditar e aceitar que no século 21 ainda existam pessoas vivendo em condições tão precárias e arcaicas.

A vida no campo não é fácil, acredito que em qualquer lugar do mundo. O que é especialmente impressionante na vida dessas pessoas apresentadas é como a estrutura se parece com a vida medieval européia que vemos em filmes. Por vezes me fez duvidar se aquilo não era um cenário meticulosamente montado. Pode parecer ridículo, já que vemos a vida no interior do Brasil e em lugares onde a tecnologia não é acessível, em especial no Norte e Nordeste mais pobres. A transparência da relação entre homens e mulheres e a dureza da vida dessas turcas consegue ter uma linguagem tão próxima, que (admitindo o absurdo dessa frase) foi mais palpável pra mim observar a vida delas do que de brasileiros que vivem situação parecida e mais próximo.

- A força da superação e descrença, da mulher e do ser humano

Claramente a mulher tem papel principal aqui, mas é mais do que isso. As mulheres são motivadores da própria existência da peça, e dizem ao diretor e roteirista da peça sobre o que querem transmitir para o público, baseando-se nas suas próprias vidas. Elas assumem a dureza da vida que tiveram e continuam tendo, e decidem lidar com isso diretamente. Elas praticamente se forçam a fazer terapia em conjunto e têm uma catarse de emoções, são obrigadas a repensar suas decisões e relação com a família e sociedade, e crescem diante das câmeras.

É especialmente marcante ver essas mulheres aceitando através da arte como mudar suas vidas para melhor, mesmo que mantenham-se em rotinas duras e relacionamentos complicados com a família. Elas juntam se tornam muito mais fortes e capazes.

Acompanhar essa jornada foi uma experiência à parte do cinema tradicional. É um documentário sem tom de análise ou insights particulares da direção. Me senti um espectador imerso nos momentos marcantes para vida dessas mulheres, que por si só movem a comunidade local. No final aplaudi o filme, a atuação delas na peça e o crescimento pessoal que elas mesmas motivaram.

Recomendo a experiência do filme, com a ressalva que não é um filme fácil ou particularmente instigante. Com calma, após a primeira hora duvido não se ver preso a curiosidade de entender o resultado dessa jornada.

Comentários